quarta-feira, 19 de março de 2008

Mil coisas ao mesmo tempo.

Aconteceram tantas coisas nas últimas 24 horas que poderíamos postar aqui... Vamos nos restringir um pouco e falar de duas delas que também são divididas em duas (vocês vão entender):

1 - Mortes: As mortes de Arthur C. Clarke e de Anthony Minghella tornaram o mundo da cultura mais pobre. O cineasta responsável por filmes do quilate de "O Paciente Inglês" e "O Talentoso Ripley" tinha uma tonalidade interessante na sua maneira de dirigir. Tá certo que ele nunca foi um arrasa-quarteirão ou tinha uma genialidade latente, mas seus filmes valiam o preço do ingresso e nos provocavam as emoções que se propunham a provocar.
Mas o caso de Arthur C. Clarke mexeu mais conosco. No final dos anos 60 e durante os anos 70, quando se falava em ficção científica era inevitável pensar em dois nomes imediatamente: Arthur C. Clarke e Issac Asimov. Os dois tinham muito em comum; eram ambos escritores e cientistas, definiram a ficção científica e faziam parte de uma escola mais "otimista" dos escritores deste estilo junto com Gene Rossenberg (criador de "Jornada nas Estrelas") e outros. O futuro da humanidade era visto por uma ótima otimista, onde conquistaríamos o universo e nosso conhecimento e nossa capacidade tecnológica nos levariam ao patamar de deuses (na década de 80, principalmente, este modo de ver o futuro da humanidade seria derrubado).
Mas existiram diferenças. A primeira é uma nota triste: enquanto Asimov era bem família, Clarke assumiu gostos sexuais um pouco... ortodoxos. A segunda é que Asimov sempre achou que os EUA (onde morava) e o resto do mundo tinham solução, Clarke foi para Sri Lanka para se afastar do Ocidente.
Mas a terceira diferença é - com o perdão do chavão - a diferença que fez a diferença. Particularmente, preferimos Asimov, mas até onde sabemos Arthur C. Clarke foi o primeiro escritor a conseguir mesclar ficção científica com espiritualidade. E fez isso de uma maneira única e genial. Se tornou emblemática a forma com que o gênero é tratado em "2001 - Uma Odisséia no Espaço" e em suas continuações. Uma dica é que procurem o livro "O Fim da Infância" (sensacional) e o conto "Os Nove Bilhões de Nomes de Deus" (simplesmente fantástico).
Os fãs de ficção - mais uma forma de cultura completamente desprezada no nosso país - devem estar com um justo luto.

2 - Ironias: Hoje é dia da escola. Hoje faz 5 anos do início da guerra do Iraque. Repararam a ironia? As escolas são diferentes. A educação que criou Bush não foi a mesma que nos criou. Ele teve escolas "melhores" que lhe ensinaram que o lobby das armas e do petróleo deve se manter mesmo que a custa do sofrimento e morte de povos (inclusive o seu próprio). No Brasil, cidades como Rio e São Paulo vivem em uma guerra civil disfarçada e o interior apresenta suas batalhas sangrentas por falta de educação enquanto que guerras como a do Iraque são promovidas por quem teve a melhor educação possível (educação melhor para uns que para outros? Onde está a tal da democracia?).
Vamos refletir sobre isso...

Até amanhã.

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