sábado, 29 de setembro de 2007

Concurso de Ilustrações do Universo Germinante

Certo. Conforme prometido (e com certo atraso) coloco aqui as regras do concurso do Universo Germinante de ilustrações. Aproveitem, pois são três os ganhadores e ainda existe a chance de ver seu trabalho exposto para todo mundo!
As regras estão abaixo, boa sorte:

1º CONCURSO DE ILUSTRAÇÕES DO UNIVERSO GERMINANTE
Regras:1 – O universo Germinante está lançando um concurso de ilustrações baseados nos contos postados no site.
2 – Toda ilustração deverá ser baseada em um dos contos da seção de Contos do site http://www.universogerminante.net./
3 – Cada participante poderá enviar quantas ilustrações desejar.
4 – A ilustração deverá ter o nome do conto onde foi baseada, qualquer conto postado no site até a data do encerramento pode ser usado como referência.
5 – Esta deverá ter o formato de uma folha A4, em preto e branco. O(A) autor(a) deverá assinar ou rubricar sua obra.
6 – A ilustração deve ser anexada em e-mail e deverá ter o formato de arquivo .jpg, sendo enviada para rpg@universogerminante.net
7 – No corpo do e-mail deve-se constar o nome do(a) autor(a), data de nascimento e endereço completo com CEP.
8 - O prazo de término para as entregas das ilustrações é de 01/01/2008. O resultado do concurso será divulgado em 10/01/2008.
9 – Serão premiados os 3 primeiros colocados da seguinte maneira:1° colocado: 1 livro básico de Maytréia e uma camiseta.2° colocado: 1 suplemento de Maytréia ou Rebelião e uma camiseta.3° colocado: Uma camiseta.
10 – É vedada a participação de membros ou parentes da Equipe do Universo Germinante.
11 – O participante fica desde já ciente de que as ilustrações enviadas passarão a ser de posse da Equipe do Universo Germinante, podendo ser utilizada em publicações do selo. No caso disto ocorrer, o(a) autor(a) será informado(a) por e-mail e receberá um exemplar do suplemento onde sua(s) ilustração(ões) foi(ram) publicada(s).
12 – O envio da(s) ilustração(ões) implica na aceitação automática das regras. O não cumprimento de qualquer uma das regras do concurso implicará em imediata eliminação do(a) concorrente.Para mais informações contate o e-mail: contato@universogerminante.net
Desejamos a todos boa sorte!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Os Combatentes n° 4

Finalmente saiu!!! No site do Universo Germinante temos a edição n° 4 da revista "Os Combatentes", que revela a missão destes que foram escolhidos por Hans para sofrerem suas chantagens. E descubram que o objeto que caiu na América do Sul pode não ser nada do que foi pensado até agora...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Atualizações

Bom,

este post é para informar a respeito de algumas coisas que estou trabalhando com relação ao Universo Germinante:
1 - O roteiro de "Os Combatentes" nº 6 já está pronto e entregue. Vi também esta semana os desenhos da edição nº 4 com o Alex e a coisa está praticamente finalizada. Segundo ele, talvez essa edição venha a ser lançada semana que vem (qualquer coisa, podem xingar o rapaz... *risos*).
2 - Estou trabalhando num e-book que terá uma coletânea de contos das ambientações de Maytréia e Rebelião - Ascensão e Queda apresentados nos site. Mas, para não ficar "repetitivo", estou trabalhando em um conto inédito para cada universo e tentando convencer os outros escritores a fazer o mesmo (o João já me enviou um). Estes contos serão exclusivos dos e-books e não serão colocados no site.
3 - Já lançamos um novo concurso do Universo Germinante. Leiam as informações no site e participem! De repente, coloco aqui amanhã...
4 - Xatrya vai indo bem, obrigado! Vi a versão "final" de Céu e Inferno (para quem não sabe, é o primeiro suplemento de Rebelião) e está muito bom.
5 - Tenho outros e-books em mente, mas vou falando conforme eles forem sendo feitos.
6- Eu pretendo postar aqui um roteiro d'Os Combatentes. Assim os aspirantes a desenhistas podem treinar um pouco - e ver o quanto um desenhista de quadrinhos sofre! *risos* Vou ver se me lembro de postar estes dias...
Por enquanto está bom. Não quero estragar surpresas...
Forte abraço.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vida Perdida

Depois de ter colocado um dos meus contos favoritos para Rebelião, creio que devo fazer o mesmo com Maytréia.
Este conto surgiu num momento extremamente difícil de minha vida e todos que o leram e conversam comigo parecem sentir isso. Ele se torna um dos meus favoritos exatamente por esse "quê" de autobiográfico e pela tom de tristeza perene que carrega. Ele também é didático para quem se interessa pelo jogo, pois mostra formas diferentes de se enxergar o kharma e o dharma no mesmo.
Ele se chama "Vida Perdida" e espero que gostem. Boa leitura.

Sei que o que vou lhe dizer pode decepcionar você. Sei também que você discordará e tentará achar motivos diversos para mostrar que estou errado. Mas acredite, eu venho pensando nisso há meses e o que descobri ontem só serve para confirmar minha posição. Afirmo com uma tranqüila convicção que o melhor que pode me ocorrer agora é partir deste plano.
Sim, com isso eu quero dizer desencarnar. Enfim, morrer.
Por favor, não diga nada ainda. Eu tenho razões profundas para fazer isso. Na verdade, eu tenho uma única razão que é a suficiente para que esta posição seja assumida. Você sabe que nós Iniciados, vivemos em função do equilíbrio de nosso kharma e na intenção de cumprir nosso dharma. Um Iniciado que não consegue isso só tem duas opções: morrer ou tentar viver uma vida mais feliz seguindo a trilha comum já tantas vezes trilhada pelos Doutrinados. Quando se é um neófito, creio que esta última ainda é uma opção viável, mas depois de um tempo ou se tem tudo ou não se tem nada.
E eu já tenho muito tempo. E fracassei para com o cumprimento do meu dharma.
Isto significa que eu perdi a razão de viver. Entenda, eu praticamente abandonei minha vida “mundana” para que meu dharma fosse cumprido. Deixei para trás amores, sonhos e planos. Coloquei minha vida particular, minha família – tudo enfim – em segundo plano. Apostei literalmente minha existência na intenção de ser útil à humanidade.
Sabe, quando descobri meu dharma, foi um momento de glória inesquecível. Eu havia entendido a causa de minha existência neste mundo de dor e sofrimento. Ao contrário da maioria das pessoas que não sabem o que vêm fazer neste mundo, eu tinha noção plena do meu papel nos desígnios da Divindade. Eu me sentia... abençoado.
Posso lhe dizer qual é o meu dharma agora que sei que fracassei. Não, não se preocupe. Sei o que estou fazendo. Confio em você. Mas onde eu estava mesmo? Ah, sim. Meu dharma é o de ensinar as pessoas a descobrirem o caminho de sua Evolução. Lindo não? Bom, é claro que posso acha-lo tão belo por me identificar com ele. É o meu dharma, afinal.
Eu deveria descobrir e mostrar as pessoas os mais diversos Mestres e Mestras que contribuíram para o desenvolvimento da Humanidade. Não apenas Mestres místicos, muito pelo contrário. Cientistas, filósofos, políticos, artistas, escritores e homens e mulheres de negócios – entre outros – faziam parte da lista de pessoas que criaram idéias que eu deveria desvendar e tornar o mais claro possível para a maioria das pessoas. Eu não criaria nada de novo, infelizmente, mas seria o seu divulgador.
Eu nasci para ser um arauto.
Onde fracassei? Eu descobri meu dharma há 10 anos atrás. Nesta época, estava apaixonado. E como todo homem apaixonado, eu a achava perfeita. Sua pele era pura seda para mim. Seus olhos, negros como a noite, me prendiam ao mesmo tempo em que me encabulavam. Sua voz adocicava minha vida. Suas diversas formas de sorrir preenchiam meu dia – desde seu sorriso encabulado quando eu elogiava sua beleza até sua gargalhada franca de pura alegria quando eu brincava com ela. Até mesmo uma pequena marca de nascença que ela carregava era linda para mim.
Seu pai, obviamente, me detestava. Ela era filha única e ele um viúvo muito amargurado. Sua definição religiosa fazia com que eu me transformasse num demônio em pessoa. Aos seus olhos, eu havia saído das fossas abissais com o único objetivo de seduzir a filha dele.
Sei que isso é engraçado para nós. Sabemos que se existisse um demônio ele iria procurar almas mais... rentáveis. Nenhum ser de milênios de idade irá se preocupar em tentar um humano que não faz a menor diferença na existência. Eles devem estar mais preocupados em atrair para as suas fileiras Presidentes de países, donos de empresas, artistas de grande influência, grandes militares... ou até líderes religiosos. Por que perder tempo com qualquer pessoa comum, não é mesmo?
Mas, para o pai dela, isso era sério. Ele acreditava realmente num demônio pessoal. E acreditava que eu fora enviado por ele. Isto só piorou quando ele soube que eu estudava assuntos que não se encaixavam naquilo que sua religião considerava santificado. Devemos respeitar isso. Faz parte do momento de Evolução dele.
Eu não entendi isso na época. Quando ele pressionava e agia para destruir meu relacionamento com ela, eu “caia como um pato” nas suas armadilhas. Não entendia que quando nosso encontro acabava eu seguia para minha casa, enquanto ela ficava sozinha com um pai neurótico, que pressionava sua filha indefesa de todas as formas; desde a chantagem emocional até o terror psicológico. Tensa, ela me pressionava. E eu – covarde – não entendia o lado dela. Eu cometia o maior dos erros.
Eu a fazia sofrer.
Não, não estou sendo duro demais comigo. Em meu egoísmo, não percebia que a mulher de minha vida sofria e precisava de mim. Ao perceber que o único momento de alívio e felicidade dela era comigo, deveria saber levar tudo até as coisas se ajeitarem. Mas não, apavorado, pensando apenas em mim mesmo, tomei a pior das atitudes quando achei que não podia agüentar mais. Eu a dispensei.
Isso foi há 10 anos atrás. Eu passei 10 anos apostando que conseguiria encontrar o equilíbrio enquanto trabalhava meu dharma e tentava limpar meus kharmas negativos. Tinha certeza absoluta que voltaria a vê-la. E, quando isso acontecesse, estaríamos mais maduros e poderíamos tentar novamente.
Passei estes anos todos relegando minha vida pessoal para o segundo plano. Depois que me separei dela, o resto foi fácil. Fui me desligando do mundo como se fosse um arquivo sendo apagado da memória de um computador. E assim trabalhei em subempregos, perdi o contato com meus pais, não terminei a faculdade, me tornei um estranho para primos e tios, consegui apenas meia dúzia de amigos fiéis (você entre eles) e vivi amores superficialmente. Não tinha um futuro fora do meu dharma. Claro que imaginava que ela estaria neste futuro, mas depois que meu dharma fosse estabilizado.
Cerca de 8 meses atrás, entendi uma coisa. Ela fazia parte de meu dharma. Talvez eu devesse trabalhar com ela. Talvez tivesse que ser a minha principal aluna. Talvez tivesse algo grandioso a ensinar ao mundo e eu seria seu arauto. Ela não precisava ser uma Iniciada para que isso ocorresse. Exemplos assim existem aos montes. Ela simplesmente não havia adquirido kharmicamente o direito de ser uma Iniciada, mas isso não impede ninguém de ser grandioso. Ela poderia até mesmo ser apenas minha companheira, aquela que me daria a percepção da dimensão humana de que faço parte, daquilo que verdadeiramente sou. Todavia – na minha cegueira, no meu medo, no meu egoísmo – eu a dispensei. Como conseqüência, minha vida foi se desfazendo e eu virei uma sombra do que deveria ter sido. Vivi uma vida mais falsa e ilusória do que a dos Doutrinados, por minha própria criação.
Depois disso, eu simplesmente não consegui completar meu dharma. Bati cabeça em muros e paredes sem fim e simplesmente a coisa não deu certo. Quando percebi tudo 8 meses atrás, comecei a procurar por ela. Mas era tarde. Ela saiu de seu emprego, mudou-se e casou. Contudo, eu ainda tinha esperança. Acreditava que poderia consertar toda a besteira que fiz e – talvez com um pouco mais de esforço – ajudar a ela e a mim mesmo.
Até que ontem encontrei seu pai casualmente na rua. Ele ainda tinha uma raiva pulsante de mim e eu não entendia o motivo. Mas havia algo mais. Algo brilhava diferente nos seus olhos quando me reconheceu. E quando percebi o que era, meu estômago embrulhou e contraiu-se como se fosse desaparecer num buraco dentro de mim.
Ele sentia uma dor muito grande. E, na mesma hora que percebi isso, soube o porquê.
Com essa mistura de raiva e dor ele me contou das circunstâncias da morte dela. De como se suicidou por não agüentar mais apanhar do marido. De como passou 10 anos esperando que eu voltasse. De como passou estes mesmos 10 anos culpando o pai por ter me afastado dela. De como morreu achando que eu não a amava, se perguntando o que foi que tinha feito.
E, acima de tudo, ele me contou como soube de tudo isso através do bilhete suicida que ela deixou endereçado ao pai para que fosse entregue a mim, como um último desejo.
Não, não precisa do lenço, obrigado. Isso já passa. Eu passei a noite toda pensando sobre a grande besteira que fiz. Sobre como joguei duas vidas fora. Pensei em suicídio, sabe? Mas sabemos o que acontece aos suicidas e não pretendo fazer mais essa besteira. Eu sei, eu sei. Sei como ela está agora devido ao que fez... e sei de quem é grande parte da culpa. Pretendo ver se a encontro no plano astral. Ela deve estar sofrendo presa em algum Sono da Alma e o mínimo que posso fazer é tentar resgata-la.
Sei, sei, é perigoso. Posso ser engolido no pesadelo em que ela se encontra. Aliás, considerando-se que é uma suicida, é bem provável que isso aconteça. Mas não posso fazer outra coisa. O que de pior acontecer, eu serei merecedor.
Parto amanhã. Deixei tudo pronto. Estou aqui para lhe dar um abraço e dizer que acredito que você será capaz de completar seu dharma. Sim, eu acho que sei qual é, mas não vou dizer. Afinal, eu poderia estar errado e isso poderia estragar a encarnação de mais um. Sem contar que se eu estiver certo, aí sim terei estragado sua vida mesmo!
Mande meus agradecimentos a minha Tutora. Diga a ela que muito me honrou que ela fosse minha instrutora e mestra e que eu fiz o máximo para ser digno. Apenas errei numa curva do caminho. Sei que ela sentirá, mas tentará demonstrar que não para você. Por isso, apenas dê o recado, certo?
Hoje à noite darei um forte abraço nos meus pais. Pedirei desculpas a eles pelo estorvo que fui. Sei que dirão que se orgulham de mim, mas eles não podem esconder sua preocupação e dor de um Iniciado. Tentarei não criar um clima de despedida. Eles não merecem sofrer mais por minha causa. Acredito que você poderá criar uma imagem bem positiva de mim para eles. Não por mim, é claro. Mas por eles mesmos. Um prêmio de consolação pela decepção que fui na vida deles.
Vivo agora com a sensação de que esta encarnação acabou. Se a Divindade for misericordiosa, morrerei logo. Mas não creio que seja merecedor desta dádiva. É um kharma a mais para ser trabalhado. Adeus.
Mal posso esperar para mergulhar no esquecimento.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Segundo suplemento de Maytréia

Passando aqui rapidinho para dizer: já estou trabalhando no segundo suplemento de Maytréia. Como aqueles que acompanham o jogo já desconfiam, ele se chamará "Xatrya" e tratará da Tendência responsável pela proteção da Obra e que está diretamente ligada ao plano astral. Já terminei o conto de abertura (apesar de que devo mudar um detalhe ou outro) e me encontro no preparo do livro propriamente dito.
Deve ser o lançamento de Natal do universo de Maytréia, valeu?

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Pai de Minha Filha

Estou postando aqui um dos meus contos favoritos para "Rebelião - Ascensão e Queda". Ele se tornou um dos favoritos para mim por alguns motivos: nele vemos um aspecto importante do jogo que não aprofundamos no livro básico e o clima de terror e de eterno equilíbrio (ou prisão entre dois extremos, depende do ponto de vista) é mantido, mesmo em meio a desoladora solidão e tristeza que o conto evoca. Ele se chama "O Pai de Minha Filha", está na seção de contos do site do Universo Germinante (http://www.universogerminante.net/) e se encontra na íntegra abaixo.
Boa leitura.

Eu observo a menina que sai sorridente da água e caminha pela areia da praia. Ela sorri para mim e meu coração se enche de alegria. Minha filha é meu tesouro e a razão de toda a minha existência. Sou relações-públicas de uma empresa de prestígio e tenho tudo o que gostaria materialmente. Minha saúde é perfeita e admito com certa vaidade que aparento ser mais jovem do que realmente sou e que agrado aos representantes do sexo masculino em geral.
Mas não consigo deixar de pensar que isso tem dedo do pai dela.
Engraçado pensar nele hoje. Eu o conheci em uma festa que minha mãe promovia. Eu era apenas a filha dondoca de 17 anos que não queria de maneira nenhuma estar lá e ele dizia ser um empresário no ramo de “reconstruções”. Relembrando nos dias de hoje, ele realmente deu um tom estranho no uso desta palavra. Lembro-me bem de perguntar que tipo de reconstrução e ele me responder “do tipo que o mundo anda precisando”. Rimos juntos. Na hora me pareceu divertido e fascinante aquele homem falar daquela maneira. Aliás rimos muito naquela noite. Ele tinha uma mistura de protetor angelical com um ar de quem seria capaz de acabar com a Criação em um piscar de olhos. Sim, eu cheguei a comentar no decorrer da festa que ele lembrava um mafioso. Ele riu e disse que eles eram amadores. E rimos novamente.
Incrível que me lembre de tanta coisa e não me lembre do nome dele.
Estranho também é saber que me rendi ao seu charme e beleza naquela mesma noite. Parecia que simplesmente ninguém nos percebia mais na festa ou mesmo dava por nossa falta. Era como se nunca tivéssemos existido. A noite parecia mágica. E continuou assim. Saímos sem que ninguém percebesse e lá estávamos nós em seu chalé. Eu estava pronta para me entregar à aquele homem.
E eu nunca mais encontrei o chalé.
Na primeira noite ele foi... divino. Me senti como devem sentir os anjos no paraíso. Parecia que um coro angelical acompanhava tudo o que fazíamos. Ele comandava o bailado e eu obedecia. Não havia erros ou momentos engraçados, coisas que tornam esse tipo de noite humana. Mas era tudo perfeito demais. Robótico. Me senti como se tivesse perdido o livre arbítrio. Agia como se eu não tivesse outra escolha. Mas isso não impediu que eu me sentisse uma deusa. Eu entrei em um estado de delírio tão grande, que quando ele atingiu o seu clímax, eu vi asas. Vi que ele tinha asas lindas como a noite que guiava os navegantes ou que permitia que os namorados se apaixonassem sob a luz da lua. A mistura daquelas sensações e daquelas visões me fez atingir meu clímax também. Depois, eu comentaria com ele que os anjos eram tristes pois não tinham escolha. Sei lá, me pareceu ser certo dizer isso. Ele olhou para mim. Seus olhos pareciam negros como a noite. Como as asas que acreditei ver. Parecia ter visto a própria origem e fim do universo. Disse que isso era verdade e me mandou dormir. Eu dormi carregada de tristeza.
Eu não fui embora, como se deveria esperar. Não consegui. E na noite seguinte ele me tomou nos braços novamente. Desta vez foi... infernal. Eu fiz coisas que a mais baixa das meretrizes não faria. Ele era meu senhor e eu era a sua escrava. Quanto mais ele me humilhava, quando mais me submetia, quanto mais eu me rebaixava, mais eu desejava. Eu havia sido uma deusa, agora era uma espécie de prostituta do inferno. Ele também parecia outro. Em meio a minha loucura, percebi que em seu clímax as asas apareciam de novo. Mas desta vez a noite era tenebrosa e assustadora, como a noite que esconde coisas que não deveriam existir ou serviam para ocultar o que era criminoso e vergonhoso. Era a noite que existia na alma de todos nós. Até hoje me envergonho daquela noite e não sei se me envergonho do que fiz ou do que vi naquelas asas.
Mas foram delírios de uma mulher em meio mergulho no mundo da luxúria. É óbvio que as asas não existem.
O resto é história. Fiquei grávida de um homem que não me lembro nem mesmo do nome. Minha família (e eu) aceitamos de maneira muito estranha tudo o que ocorreu. Ou seja; não houve escândalos, como seria de se esperar com uma filha que aparece grávida depois de dois dias desaparecida. Não foi uma gravidez fácil: parecia que a natureza simplesmente tentava rejeitar minha filha. Mas ela nasceu e é o meu tesouro. Isso tem onze anos e eu não tive mais homens desde então. Toda a vez que penso em sexo, sinto algo de repulsivo, pois me vem a idéia de horas frias e mecânicas ou de depravação. Não sei qual concepção me enjoa mais. Minhas férias sempre são aqui, nesta praia particular localizada no Nordeste, onde fico em paz com minha filha e minhas memórias. Somente eu e ela.
Eu segui minha vida e não costumo pensar no que ocorreu. Nem no pai dela. Mas hoje fui obrigada a relembrar de tudo. De manhã, enquanto trazia pão e queijo para o nosso dejejum, o pai dela apareceu. Estava na porta da nossa casa de praia e conversava tranquilamente com nossa filha. Ela nos apresentou e eu não lembro o nome dele. Trocamos frases curtas em uma conversa que também não lembro. Ele se despediu e prometeu a ela que voltariam a se ver. Eu não duvido disso.
Eu queria ir embora, mas sei que não vou conseguir. Eu sei o que vai acontecer essa noite e sei da deusa que surgirá em meu quarto. Sei também da meretriz que surgirá na noite de amanhã. Oh, Deus! Eu não queria isso, mas não posso evitar.
Eu espero que ela goste de seu irmãozinho que virá.

Para começar...

Bom,

devo começar me apresentando: sou Danilo Faria, Coordenador-Geral da Equipe do Universo Germinante, criador dos RPG´s Maytréia e Rebelião - Ascensão e Queda. Também sou um dos idealizadores do Universo Germinante (o site e o conceito) e estou escrevendo a HQ online "Os Combatentes", que se encontra com a terceira edição publicada.
Tenho outros projetos, mas falarei deles em breve, ok?
Após alguma cobrança de amigos, eis que crio o meu blog. Confesso que tinha uma certa resistência a isso, portanto não sei se farei um bom trabalho ou agradarei a maioria (já que agradar a todos é impossível... *risos*).
De qualquer forma, posso prometer postar aqui informações sobre o andamento dos trabalhos ligados a Equipe UG (em especial, aqueles sob minha responsabilidade) e projetos pessoais. Espero que este blog seja um instrumento de grande ajuda para que eu possa me relacionar com amigos e leitores.
Não posso prometer periodicidade: posso colocar 10 post´s num único dia e ficar mais 10 dias sem postar nada. Mas tentarei falar daquilo que interessa a quem lê. ok?
Podem dar sua opinião.
Um forte abraço e até a próxima.