segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Atenção! Mudanças estruturais estão sendo feitas no site do Universo Germinante, onde deixaremos tudo mais agil e agradável!!!
Aguarde!!!
P.S: Os suplementos "Céu e Inferno" para Rebelião - Ascensão e Queda e "Xatryas" para Maytréia estão bem adiantados. Devem ser lançados até o natal (se a Divindade assim desejar...).

Dia Nacional do Livro!!!!

Hoje é dia nacional do livro!
Observe como comemoramos(?) o dia. Talvez isso explique em parte a situação de nosso país...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Estas estranhas coincidências...

Fui recentemente informado de que o conto "Paralelas" que escrevi para este blog lembrava demais um filme chamado "As Dupla Vida de Veronique". A temática estaria lá, da mesma forma, só que com um tratamento diferente.
Juro que nunca vi o filme (e fiquei curioso para ver). Até estou preocupado em passar a idéia de plágio. De qualquer forma, vou mantê-lo aqui. Se houver chiadeira eu tiro.
(Logo no meu primeiro conto inédito do site... putz!)
Até com mais contos e universos. Inéditos, espero.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Paralelas

Eis que começo o meu lançamento de contos exclusivos aqui do site. Para cada tipo de conto, um Universo novo é apresentado... sei lá onde isso vai dar... divirtam-se e me digam o que acham!
O Universo estranho é aquele onde ocorrem coisas sem explicação num mundo onde a normalidade aparentemente segue sem ser afetada pelo que vemos nele. É como se levantássemos a ponta de um véu que encobre coisas que nossa mente não consegue organizar.
Você está convidado a entrar... e não mais se esquecer.
Paralelas
Nasceram na mesma data e hora. Ambas viram um eclipse lunar acontecer no momento do nascimento. Ambas receberam o mesmo nome e ambas tinham como pai um estranho Amadeu e como mãe uma singela Rosa. As duas morenas, com um cabelo liso e escorregadio, olhos amendoados e boca pequena. Um ar meio que sacana e triste.
Só que nasceram a mais de 50km de distância uma da outra.
Procuram o seio de suas respectivas mães na mesma hora e juntas – mesmo que separadas por quilômetros – dormiam. Sonhavam os mesmos sonhos. Tiveram suas cólicas e diarréias nos mesmos momentos. Começaram a falar no mesmo instante e usaram a mesma palavra: “eu”.
Aos 5 anos, ficaram muito doentes. Uma virose, segundo os médicos, usando o termo que usam para dizer que não sabem o que é, mais ou menos como os curandeiros diziam antigamente ser “maus espíritos”. As mães, espíritas fervorosas, foram no mesmo centro e consultaram o mesmo preto velho no mesmo dia, uma seguida da outra; recebendo o mesmo conselho de tratamento. As duas mães fizeram as mesmas oferendas no mesmo dia e horário, mesmo local, em agradecimento.
No aniversário de 7 anos, as meninas fraturaram um braço na queda de uma bicicleta. Foram tratadas no mesmo hospital, mas ninguém percebeu nada. Aliás, quase se encontraram várias vezes, só que algo sempre acontecia. Quando uma estava numa calçada de um lugar movimentado, a outra estava passando do outro lado da rua. Quando uma estava na seção de brinquedos a outra estava na seção de CD´s e DVD´s. Enquanto a primeira brincava de roda-gigante a outra andava no carrossel. Uma estava na fila da entrada de cinema e a outra saía da seção anterior.
E ninguém notava nada. A moça do balcão atendia a duas mulheres absolutamente iguais e não percebia isso. Tinham o mesmo pediatra e esse não se tocava, coisa que aconteceu também com o ginecologista delas. Chegaram a namorar o mesmo rapaz sedutor e enganador aos 14 anos e ele não via que namorava duas vezes a mesma criatura!
Resolveram perder a virgindade aos 16 anos. No mesmo motel, no mesmo dia, um quarto colado no outro. O grito de dor e liberdade dados exatamente na mesma hora. Os homens eram diferentes, é claro, mas ambos muito parecidos fisicamente, casados e respondiam pelo mesmo nome. Isso faz lembrar que tiveram os mesmo apelidos de namoro e infância.
Sonharam os mesmos empregos. Aliás, sonhavam os mesmo sonhos toda noite. Às vezes, parecia que percebiam outro eu neste sonho – tendo a sensação de que sonharam o sonho que pertencia a outro alguém ou que outro alguém estava invadindo seu sonho. O terapeuta que ambas freqüentaram não notou o mesmo problema em duas pacientes que sempre marcavam a consulta no mesmo dia.
Então, no aniversário de 21 anos, resolveram visitar uma cigana. Mesma cigana, horários seguidos. E ela notou, aliás ficou apavorada. Perturbada, contou para as duas o que acontecia. As duas voltaram com a mesma expressão chocada no rosto. Choraram exatamente às 22:00hs daquele mesmo dia, enquanto os amigos e parentes cantavam parabéns.
Descobrir a outra virou uma obsessão. Quase se encontraram no decorrer daquele ano várias vezes. Mudaram seu comportamento, mas não contaram nada para ninguém. Os amigos reclamavam de suas mudanças da mesma maneira e da mesma maneira elas se esquivavam.
Tentaram reencontrar a cigana. Estiverem inclusive na mesma praça – no mesmo dia e horário obviamente – mas não se perceberam em meio a multidão e sua fixação em encontrar a mulher. Procuraram outros caminhos – alguns perigosos e não recomendáveis – na tentativa de encontrar sua cópia.
Chegaram a contratar uma agência de detetives – a mesma, na mesma época – que por algum motivo inexplicável lhes entregou os seus próprios endereços quando afirmou ter encontrado quem elas procuravam.
Desistiram no mesmo dia, uma semana antes do aniversário, e resolveram não pensar mais no assunto.
No dia do aniversário, se encontravam na mesma praça do ano anterior. Ambas acreditavam ter sido sem querer. Nunca saberemos a verdade. A cigana encontrou uma e disse “ali naquele chafariz, dentro de 2 minutos”, depois deu a volta para o outro lado do chafariz que indicou dizendo a mesma coisa para a outra. Seu olhar era triste, mas resignado.
Ambas se encararam com o mesmo assombro. Ambas se abraçaram e choraram. Mas, pela primeira vez na vida, tiveram reações diferentes. Uma queira agradecer por ter uma ligação tão forte com outro ser. A outra se sentiu usurpada.
Esfaqueou sua recém-conhecida discretamente e a deixou sentada próximo ao chafariz sem que ninguém percebesse. Voltou para casa, confirmou a festa de aniversário para o dia seguinte com os amigos e – depois de uma pequena crise de choro – se matou às dez horas da noite.
Passaram no mesmo legista e os mesmos policiais investigaram suas mortes, sem conclusões. As famílias, chocadas, foram ao enterro, que ocorreu no mesmo cemitério e no mesmo horário. Os jazigos das famílias um ao lado do outro.
Dois dias após o enterro, apenas uma cigana, quebrando um pouco os seus preceitos, deixou uma flor exatamente igual na lapide de cada uma e se retirou, lágrima nos olhos.
Duas paralelas nunca devem se encontrar.